Os ganhos de motoristas de aplicativos como Uber, 99 e InDrive variam bastante de acordo com a cidade, o tempo dedicado ao trabalho e as despesas envolvidas. Para entender melhor essas variações, fizemos um levantamento com base em estudos, análises e relatos de motoristas nas redes sociais, chegando a uma noção mais clara sobre o faturamento médio esperado em diferentes cidades e estados.

Os levantamentos mostram que, embora a receita bruta possa parecer alta à primeira vista, o lucro líquido, já descontando gastos com combustível, manutenção, aluguel do veículo e outros custos, costuma ficar em torno da metade do valor faturado.

Abaixo, reunimos os dados mais recentes sobre os ganhos médios mensais, com destaque para as principais cidades e regiões do país, além de exemplos envolvendo diferentes aplicativos.

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Média de ganhos no Brasil

Um estudo de 2024 da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), em parceria com o Cebrap, apresentou um panorama nacional detalhado sobre os ganhos dos motoristas de aplicativo.

Segundo o levantamento, a renda líquida média mensal desses motoristas, considerando uma jornada de 40 horas semanais, varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756. Ou seja, trabalhando em tempo integral, um motorista típico pode ganhar de R$ 3 mil a R$ 4 mil líquidos por mês, já com os custos operacionais descontados.

Esse valor representa um lucro líquido estimado entre R$ 18 e R$ 25 por hora trabalhada em 2024, a depender da jornada semanal e da cidade. Em 2022, essa média girava em torno de R$ 20 por hora.

No entanto, os custos também subiram. O mesmo estudo revelou que os gastos médios mensais com manutenção, combustível e impostos cresceram aproximadamente 5%, alcançando quase R$ 2.885 em 2024. Na prática, isso significa que a inflação anulou boa parte do ganho bruto adicional.

Como resultado, houve uma redução de 4% a 13% na renda líquida média dos motoristas entre 2022 e 2024, mesmo com o pequeno aumento no faturamento bruto.

Quando se considera uma jornada mais longa, como 60 horas semanais, algo comum entre motoristas profissionais, a renda líquida mensal tende a se aproximar do topo da faixa entre R$ 2.925 e R$ 4.756.

Isso nos mostra que é perfeitamente possível alcançar lucro líquido de cerca de R$ 4 mil por mês trabalhando 60 horas por semana, especialmente em grandes centros urbanos.

Por outro lado, em cidades menores, com menor demanda ou para quem dirige por menos horas, o lucro mensal pode cair para próximo de R$ 2 mil.

Assim, considerando motoristas que trabalham entre 40 e 60 horas semanais, a média nacional de rendimento líquido mensal pode ser estimada em torno de R$ 3.000, sempre com variações relevantes conforme a localidade.

Ganho líquido médio nacional de motoristas de aplicativo

Jornada semanalGanho líquido médio mensalGanho médio por horaObservações
40 horasR$ 2.925 a R$ 4.000R$ 18 a R$ 25Média nacional com custos já descontados
60 horasR$ 4.000 (aproximado)R$ 16 a R$ 20Comum em grandes cidades
Menos de 40hCerca de R$ 2.000Menor que R$ 18Varia conforme a cidade
Média geralR$ 3.000 (40 a 60h/semana)R$ 17 a R$ 22 (estimado)Estimativa nacional em regime quase integral

Ganhos por Cidade e Estado

As pesquisas mais recentes detalharam os ganhos em diversas capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Brasília, entre outras, e também em algumas grandes cidades do interior.

A fintech GigU (antiga StopClub), que coleta dados de milhares de motoristas, divulgou em dezembro de 2024 um levantamento com 10 capitais brasileiras. Em março de 2025, uma atualização da GigU ampliou a análise para 15 cidades com maior número de motoristas cadastrados. Os resultados mostram diferenças claras entre grandes centros e cidades menores, tanto no faturamento quanto no lucro líquido e nas horas de trabalho.

A seguir, um resumo dos ganhos médios mensais (receita bruta e lucro líquido após custos) e a jornada semanal média em diversas cidades e estados do Brasil, com base nesses levantamentos recentes:

CidadeLucro bruto/mêsLucro líquido/mêsHoras semanais
São Paulo (SP)R$ 8.570 R$ 4.250 60
Rio de Janeiro (RJ)R$ 7.200 R$ 3.305 54
Belo Horizonte (MG)R$ 7.714 R$ 3.555 54
Uberlândia (MG)R$ 6.428 R$ 2.859 49
Porto Alegre (RS)R$ 7.286 R$ 3.147 50
Curitiba (PR)R$ 7.286 R$ 3.051 56
Salvador (BA)R$ 7.286 R$ 3.112 54
Fortaleza (CE)R$ 6.429 R$ 2.897 55
Recife (PE)R$ 5.143 R$ 2.007 50
São Luís (MA)R$ 6.000 R$ 1.871 48
Maceió (AL)R$ 5.143 R$ 1.713 50
Brasília (DF)R$ 6.428 R$ 2.417 50
Goiânia (GO)R$ 6.429 R$ 3.004 54
Belém (PA)R$ 6.429 R$ 2.331 54
Manaus (AM)R$ 6.429 R$ 2.394 50

Capitais e suas particularidades

As principais capitais do país apresentam realidades bastante distintas para os motoristas de aplicativo. Fatores como custo de vida, demanda por corridas, tamanho da cidade e volume de horas trabalhadas influenciam diretamente no faturamento e no lucro líquido mensal.

Enquanto cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte se destacam pelo alto volume de corridas e rendimentos acima da média, outras capitais enfrentam limitações, seja por custos operacionais elevados, seja por menor demanda. Ainda assim, algumas exceções regionais, como Salvador, Goiânia e Fortaleza, mostram que é possível alcançar bons resultados fora do eixo Sul-Sudeste.

São Paulo (SP)

Sendo o maior mercado do país, São Paulo registrou um faturamento médio de cerca de R$ 8.570 por mês, resultando em aproximadamente R$ 4.250 de lucro líquido após os gastos.

Os motoristas paulistanos trabalham em média 60 horas semanais, o que, aliado à alta demanda e às longas jornadas, garantiu o maior rendimento médio entre as capitais.

Apesar dos bons números, os custos elevados com combustível, manutenção e IPVA ainda consomem cerca de 50% do faturamento.

Rio de Janeiro (RJ)

Os motoristas cariocas faturam em torno de R$ 7.200 mensais, com despesas médias de quase R$ 3.900, o que gera um lucro líquido de aproximadamente R$ 3.305.

A jornada de trabalho média no Rio é de 54 horas semanais, um pouco abaixo de São Paulo.

Mesmo com faturamento bruto menor, o lucro médio se aproxima do de SP, pois os custos são proporcionalmente mais baixos. Muitos motoristas optam por corridas mais rentáveis.

Belo Horizonte (MG)

Em BH, o faturamento médio mensal atingiu R$ 7.714, com custos na faixa de R$ 4.160, resultando em um lucro líquido de R$ 3.555.

A jornada de trabalho também gira em torno de 54 horas semanais, semelhante ao Rio.

Belo Horizonte se destacou por ter um dos maiores lucros líquidos entre as capitais, mesmo com uma receita bruta um pouco menor. Isso mostra boa eficiência operacional.

Uberlândia (MG)

Destaque entre cidades do interior, os motoristas em Uberlândia tiveram faturamento de R$ 6.429 mensais, com lucro líquido de cerca de R$ 3.515, também com 54 horas semanais.

O dado mostra que cidades do interior mais desenvolvidas podem oferecer rendimentos similares aos das capitais médias.

Porto Alegre (RS)

Na capital gaúcha, o faturamento médio foi de R$ 7.286, com custos de R$ 4.139, gerando lucro líquido médio de R$ 3.147.

Os motoristas costumam trabalhar cerca de 50 horas por semana.

Porto Alegre se posiciona de forma semelhante a BH e Salvador, embora com jornada ligeiramente menor.

Curitiba (PR)

A capital paranaense teve faturamento médio de R$ 7.286, com custos um pouco maiores (R$ 4.234), resultando em lucro líquido médio de R$ 3.051.

A jornada média em Curitiba foi uma das maiores: 56 horas semanais. Isso indica que os motoristas precisam trabalhar mais horas para obter lucro acima de R$ 3 mil.

Salvador (BA)

Entre as capitais do Nordeste, Salvador apresentou um dos melhores resultados: faturamento médio de R$ 7.286 com custos de R$ 4.174, resultando em R$ 3.112 de lucro líquido.

A jornada é semelhante a outras capitais: 54 horas semanais.

Mesmo com custo de vida alto, Salvador se destaca no Nordeste pelo bom desempenho médio dos motoristas.

Fortaleza (CE)

Em Fortaleza, o faturamento médio foi de R$ 6.429 mensais, com despesas de R$ 3.531, gerando lucro líquido de R$ 2.898.

Esse valor é próximo ao de cidades maiores, mostrando que há potencial de mercado mesmo com custos mais baixos.

Recife (PE)

Recife teve um dos menores faturamentos médios entre as capitais: R$ 5.143 mensais, com R$ 3.136 de despesas, resultando em lucro líquido de apenas R$ 2.007.

A jornada de trabalho foi de 50 horas semanais.

Recife apresentou o menor faturamento bruto da lista e um dos menores lucros, possivelmente devido à baixa demanda ou tarifas menores, mesmo sem uma jornada tão curta.

São Luís (MA)

Em São Luís, o faturamento foi de R$ 6.000, mas com custos elevados (R$ 4.129), o que gerou o menor lucro líquido observado: R$ 1.871.

A jornada semanal foi de 48 horas. O dado evidencia que os custos operacionais impactam fortemente o rendimento líquido no Norte/Nordeste.

Maceió (AL)

Maceió teve faturamento semelhante ao de Recife: R$ 5.143, com custos de R$ 3.430, resultando em lucro líquido de R$ 1.713, o segundo menor da amostra.

Os motoristas trabalham em média 50 horas por semana.

Cidades próximas como João Pessoa, Teresina e Aracaju não tiveram dados detalhados, mas se espera rendimento semelhante.

Brasília (DF)

Os motoristas no DF faturam em média R$ 6.428, com altos custos (R$ 4.012), gerando lucro líquido de R$ 2.417.

A jornada média é de 50 horas semanais.

Mesmo com um dos maiores custos de vida, a boa demanda por corridas mantém o faturamento em nível intermediário.

Goiânia (GO)

Em Goiânia, o faturamento médio foi de R$ 6.429, com custos de R$ 3.424, o que gerou lucro líquido de R$ 3.004.

A jornada semanal é de 54 horas.

A cidade apresenta bom equilíbrio entre custos e demanda, com lucro semelhante ao de capitais maiores.

Belém (PA)

No Norte, Belém teve faturamento de R$ 6.429 e custos de R$ 4.097, com lucro líquido estimado de R$ 2.331.

A jornada média foi de 54 horas semanais.

Belém tem bom faturamento bruto, mas sofre com custos altos e demanda não tão aquecida.

Manaus (AM)

Manaus também teve faturamento de R$ 6.429 mensais e custos de R$ 4.035, com lucro líquido de R$ 2.394.

A jornada semanal média foi de 56 horas.

O dado mostra que o faturamento bruto é competitivo, mas os custos elevados e a demanda irregular podem fazer com que o lucro caia para menos de R$ 2.500.

As capitais das regiões Sudeste e Sul costumam proporcionar lucros líquidos acima de R$ 3 mil mensais. Já em boa parte das capitais do Norte e Nordeste, os rendimentos ficam em torno ou abaixo de R$ 2 mil por mês. Ainda assim, há exceções entre os grandes centros nordestinos: cidades como Salvador, Fortaleza e Recife conseguem se aproximar da faixa dos R$ 3 mil líquidos.

Considerando os dados nacionais, os ganhos líquidos médios variam entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por mês, dependendo principalmente da localidade e da carga horária semanal.

Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre tendem a garantir os melhores resultados, com motoristas frequentemente ultrapassando os R$ 3 mil líquidos mensais, especialmente em jornadas de 50 a 60 horas por semana.