O Chevrolet Celta, um dos carros populares mais vendidos do Brasil durante os anos 2000, segue despertando interesse entre motoristas de aplicativo, principalmente por seu baixo custo de aquisição e manutenção. No entanto, sua viabilidade como veículo de trabalho diário na Uber vem sendo cada vez mais questionada, especialmente porque, em 2025, o modelo passará a ser vetado em diversas cidades brasileiras, ainda que permaneça aceito em outras regiões com regras mais flexíveis.

Produzido entre 2000 e 2015, o Celta tem versões com quatro portas e ar-condicionado que atendem, em tese, aos requisitos mínimos da categoria UberX, a mais comum e acessível da plataforma. Mas na prática, sua aceitação depende diretamente das exigências de cada município, e essas regras estão mudando.

Cidades como São Paulo, Campinas, Brasília e Fortaleza, por exemplo, exigem que os veículos tenham até 10 anos de fabricação, o que significa que até meados de 2025 apenas modelos 2015 ainda serão aceitos. Após isso, o Celta sairá definitivamente da lista de carros permitidos nessas cidades.

Por outro lado, ainda há uma sobrevida em várias outras localidades. Municípios como Petrolina (PE) e cidades do entorno da Região Metropolitana de São Paulo adotam o limite de até 15 anos de uso, o que permite que modelos do Celta fabricados desde 2010 continuem em atividade até 2025 e além.

Além desses exemplos, há diversas cidades do interior e regiões menos populosas onde as regulamentações municipais seguem mais permissivas. Nessas localidades, o Celta ainda pode ser uma alternativa válida para motoristas que desejam entrar no aplicativo gastando pouco.

Vantagens do Celta para rodar na Uber

Entre os principais atrativos apontados por motoristas estão o preço inicial baixo, o consumo de combustível razoavelmente econômico e os custos de manutenção reduzidos. Em plataformas como OLX e Mercado Livre, é possível encontrar modelos usados a partir de R$ 15 mil.

A média de consumo de combustível, segundo relatos de proprietários, gira em torno de 12,6 km/l na cidade e até 17 km/l na estrada, com gasolina.

Além disso, a mecânica simples e as peças baratas são frequentemente citadas como fatores positivos. A facilidade em encontrar componentes e realizar reparos sem grandes dificuldades torna o carro uma alternativa atraente para quem deseja ingressar na Uber sem comprometer o orçamento inicial.

O tamanho compacto do Celta também favorece a circulação em áreas urbanas densas e facilita o estacionamento.

Desvantagens de rodar com o Celta na Uber

Por outro lado, o Celta apresenta desafios relevantes que podem impactar a rotina do motorista e, principalmente, a experiência do passageiro. A idade avançada dos modelos, todos com pelo menos uma década, aumenta a probabilidade de falhas mecânicas e desgaste de componentes internos.

Os relatos mais frequentes incluem vazamentos de óleo e de radiador, falhas nos vidros elétricos e barulhos internos persistentes, especialmente nas versões mais básicas, que têm acabamento simples e baixa capacidade de isolamento acústico.

A ausência de itens de segurança obrigatórios em carros mais novos, como freios ABS e airbags, também é um ponto crítico. Esses recursos passaram a ser exigência legal apenas nas versões finais do modelo. Sem eles, a percepção de segurança dos passageiros pode ser prejudicada e, com isso, as notas dadas ao motorista.

Outro fator que pesa contra o Celta é o conforto limitado. O espaço interno reduzido, o uso de materiais simples no acabamento e a suspensão mais firme fazem com que viagens mais longas se tornem desconfortáveis para alguns usuários.

Em redes sociais, não são raros os comentários de passageiros reclamando da simplicidade do veículo. Embora haja quem prefira o Celta a outros modelos populares, como o Renault Kwid, a tendência é de que carros mais modernos conquistem avaliações melhores.

Manutenção do Celta: barata, mas frequente

Embora a manutenção do Celta seja, em média, mais barata do que a de modelos mais novos, os problemas recorrentes podem resultar em gastos frequentes e tempo de inatividade. Um radiador rachado, por exemplo, pode custar entre R$ 900 e R$ 1.000, considerando peça e mão de obra. Vazamentos de óleo, comuns em motores mais antigos, ficam na faixa de R$ 200 a R$ 500. Já a substituição de vidros elétricos pode chegar a R$ 600 por janela.

A longo prazo, esses pequenos custos se acumulam, especialmente quando o carro é submetido a uso intenso, como no caso de motoristas de aplicativo. Alguns donos relatam que, embora o carro atenda bem no dia a dia urbano, é necessário estar preparado para revisões frequentes e improvisos em função do desgaste natural de peças.

Ainda vale rodar com Celta na Uber?

A resposta depende do perfil do motorista e, principalmente, de onde ele pretende rodar. Se a prioridade for um carro barato, simples e que permita entrar na Uber sem dívidas ou financiamentos, o Celta pode ser uma porta de entrada interessante, mas apenas se o modelo for de 2010 ou superior e estiver dentro das exigências da sua cidade.

É fundamental lembrar que os limites variam conforme o município. Enquanto em grandes capitais como São Paulo e Brasília o Celta será barrado já em 2025, em outras regiões com regras mais brandas ele seguirá circulando normalmente por mais alguns anos.

Mesmo assim, é preciso estar ciente dos limites. O Celta está envelhecendo, tanto em termos mecânicos quanto de percepção de valor. Os passageiros estão cada vez mais exigentes, e modelos mais novos costumam garantir melhores notas e maior conforto. Em tempos de alta concorrência, isso pode fazer diferença direta na rentabilidade diária.

Ainda assim, para quem busca apenas uma forma de começar, sem comprometer o orçamento, o Celta pode cumprir bem esse papel, ao menos por um tempo. Seu custo inicial baixo, manutenção descomplicada e economia de combustível seguem como pontos fortes.

Mas o motorista precisa entrar no jogo preparado: não apenas para rodar, mas também para encarar os reparos frequentes, as críticas de alguns passageiros e, sobretudo, a iminente proibição em várias cidades a partir de 2025. Ter em mente que, mais cedo ou mais tarde, será necessário dar um passo adiante, o que significa, inevitavelmente, investir em um veículo mais moderno que ofereça mais conforto e segurança.