
A ideia de pegar um carro da Uber sem ninguém no volante pode até parecer coisa de filme futurista, mas essa cena ainda está bem longe da realidade brasileira. A Uber vem apostando forte nessa tecnologia, especialmente nos Estados Unidos, onde concentra seus primeiros testes. A razão é simples: diminuir custos, aumentar a eficiência e, claro, transformar o negócio em algo mais lucrativo.
Nos EUA, o cenário ajuda muito. Lá existe demanda enorme por transporte, ruas bem mapeadas, sinalização padronizada e leis que permitem testes em várias cidades. Não é à toa que o país se tornou um laboratório natural para os carros autônomos.
Mas nem tudo foi um caminho sem curvas. Em 2018, um acidente fatal envolvendo um carro autônomo no Arizona colocou um freio no entusiasmo. Desde então, a Uber vem retomando os projetos com mais cautela, apostando em parcerias estratégicas para não abandonar esse sonho de vez.
E os planos de levar essa tecnologia para outros países?
Depois dos Estados Unidos, a Uber pretende expandir o serviço para a Europa, Ásia e, mais para frente, para a América Latina. Parcerias com montadoras como BYD, Baidu e Volkswagen já estão na mesa para ajudar na adaptação da tecnologia a diferentes regiões. Em lugares como Dubai, por exemplo, os testes já estão a todo vapor e existe até previsão de lançamento comercial em 2026.
E o Brasil? Por ser um dos mercados mais importantes para a Uber, seria natural que estivesse no radar. Mas, por enquanto, nada de cronograma. Antes, a empresa quer consolidar a tecnologia em mercados mais estruturados. Só depois viria a América Latina.
O que impede a chegada desses carros por aqui?
O caminho para colocar carros autônomos rodando no Brasil é longo, e cheio de obstáculos. A começar pela falta de uma legislação nacional que regulamente esse tipo de veículo. Existem iniciativas isoladas, como alguns testes em São Paulo, mas nada em nível nacional.
Um dos maiores entraves está na infraestrutura das cidades brasileiras. Ruas esburacadas, faixas apagadas, trânsito caótico e situações imprevisíveis tornam o ambiente urbano um verdadeiro desafio para veículos que dependem de precisão milimétrica para operar com segurança.
Outro ponto é a conectividade. Os carros autônomos precisam de redes rápidas e estáveis para processar dados em tempo real, mas no Brasil a cobertura 5G ainda é limitada e irregular, o que dificulta a adoção em larga escala dessa tecnologia.
O custo de adaptação também pesa. Tornar essa tecnologia eficiente em um cenário tão complexo exigiria investimentos muito altos. Por isso, faz mais sentido para a Uber focar primeiro em mercados mais estruturados, onde a adaptação é mais simples e menos onerosa.
Por fim, existe a questão da aceitação do público. Mesmo em países mais avançados, muita gente ainda tem receio de entrar em um carro sem motorista. No Brasil, onde os acidentes de trânsito são comuns e a confiança nas instituições é baixa, essa resistência tende a ser ainda maior.
Vai demorar para chegar aqui?
Tudo indica que sim. Especialistas são claros: antes de ver um carro autônomo da Uber por aqui, será preciso evoluir muito em leis, infraestrutura e tecnologia de rede. A previsão mais otimista fala em algo entre 2030 e 2035, e isso se as condições melhorarem bastante.
Até lá, os brasileiros continuarão contando com motoristas humanos, e quem trabalha com aplicativos não precisa se preocupar em perder essa fonte de renda para os carros autônomos, pelo menos não nos próximos dez anos.
